quarta-feira, 26 de março de 2014

Dom Pedro I, algumas coisas sobre meu herói Brasileiro preferido.



Para falar de Dom Pedro, é preciso falar sobre o período em que ele vivia e como isso influenciou o comportamento dele, também falarei sobre a personalidade do nosso primeiro imperador.

Pedro, nasce no século XIX, na verdade no final do século XVIII, mas pode se dizer que ele pertence intelectualmente ao século XIX, vou explicar adiante.
Vou falar da personalidade dele e minha perspectiva pessoal das decisões que ele tomou.

Pedro e toda a historia do mundo passam por Napoleão, e junto com as guerras (chega ao Brasil ainda criança fugindo das guerras napoleônicas), as ideias iluministas e revolucionárias. Pedro faz tanto parte do século XIX que ele chega a dizer que o sangue que corre nas veias dele é o mesmo sangue que corre nas veias dos escravos negros! Não tem como ser menos influenciado pelo iluminismo que isso, vejam bem... o escravo era escravo porque por toda a história humana, as pessoas acreditavam nas diferenças entre seres humanos. Com o iluminismo, veio a igualdade, somos iguais. O iluminismo foi um amadurecimento sem precedentes e Pedro I tinha muita influência desses novos ventos. Ironicamente, esse pensamento também atentava contra a monarquia, vou falar sobre como Pedro lidou com isso para se manter e manter a família no poder.

Algumas coisas sobre Pedro. Era epilético, acho que isso deu um tom de empatia na personalidade dele, talvez sensibilidade. Gostava do campo e de aventuras, era uma pessoa inteligente mas não muito apegada aos estudos. Praticava marcenaria (trabalho considerado de escravo). Não era para herdar o trono mas o irmão morreu, isso meio que era uma maldição na família de Pedro, o pai João VI também não era o primeiro na linhagem. E há boatos que saia escondido para farrear sem revelar ser um príncipe, essa parte é realmente interessante.

O pai dele teve de voltar à Portugal, ele ficou com o título de príncipe regente. Porém as cortes portuguesas fizeram pressão para ele voltar também. Desafiador, falou que ficava. Logo seu pai rebaixou seu cargo de príncipe regente à delegado de Portugal, indignado, não pensou duas vezes e em uma cerimônia singela declarou a independência do Brasil! (7/9/1822)

O Brasil... Nosso grande Brasil! Já havíamos salvado o império português antes, financiamos sua frota naval para derrotar os turcos e uma invasão do seu império no século XVIII, havíamos financiado a reconstrução de Lisboa depois do grande terremoto neste mesmo século. Portugal foi sim muito grande, tinha um império que ia até o extremo oriente mas a união ibérica fez o país Luzitano perder uma gama alta de territórios asiáticos. Sim, ainda haviam colônias na áfrica, mas de todas a mais lucrativa era o Brasil. Depois que a família real se mudou o Brasil sofreu uma rápida transformação, ser colônia novamente não seria possível. A decisão de pedro de, rejeitar voltar a Portugal, foi uma jogada de gênio. Até porque a elite brasileira apoiou a decisão dele se tornar imperador. Os Portugueses não tinham ideia do que acontecia aqui, e de fato o Brasil se tornou independente. Pedro paga uma taxa altíssima, não me lembro bem mas acho que eram 2 milhões de libras esterlinas a Portugal, fato que deixou os Brasileiros irritadíssimos. Mas eu acho que foi uma tentativa do imperador de conseguir agradar a todos, talvez tenha salvado até a própria família de sofrer um golpe de estado fazendo isso.

Pois bem, Pedro dá ao Brasil a independência e cria uma constituição. Chega a dissolver o parlamento e restabelecer ele novamente, depois de exilar algumas pessoas. O fato é que os políticos aqui queriam uma constituição mais liberal possível, com um imperador sem poderes políticos. Lógico que Pedro não iria aceitar ceder assim, e no final a constituição que ficou lhe dava poder de vetar leis ou dissolver o parlamento. Os contrastes no Brasil aparecem já de cara, mesmo uma nação escravocrata e com um imperador real, a imprensa brasileira era até bem livre e existiam poderes executivo, legislativo e judiciário.

O fato é, ele fez parte da construção do Brasil. E a constituição 1824, fato importantíssimo.

Tinha uma amante, haviam boatos... Casou mais de uma vez, teve muitos filhos... Houveram várias revoltas no Brasil, que foram bem reprimidas. Esse desempenho deixou o país unido. A independência do Uruguai foi um golpe em sua reputação, Pedro não era um rei absolutista e pela forma que governou não parecia pretender isso. Ele dependia de sua reputação para governar, não podia demandar como bem entendesse.

Seu pai morre, ele viaja a terra natal e é coroado rei Pedro IV, 27° rei de Portugal. Então é Pedro IV de Portugal e Pedro I do Brasil. Mas nossa constituição que ele mesmo criou não permitia o imperador ser soberano em dois países. Deixou a coroa com a filha e regressa ao Brasil novamente como Dom Pedro I.

Agora começa uma história interessantíssima, nossa! O irmão de Pedro, Miguel é uma pessoa ambiciosa. Já havia antes tentado derrubar o pai João para lhe tomar a coroa. Pedro que sabe o problema que poderia ter, tentando novamente agradar a todos, promete a filha em casamento a Miguel. A filha que ele deixou a coroa, ela ainda era criança. Ele (Miguel) iria cuidar de Portugal como um tutor seguindo a constituição regida por Pedro até a sobrinha ter idade suficiente para casar com ele.

Porém Miguel percebe que tem muita gente que apoia um governo radical absolutista, uma grande parte do clero e da população pobre que era influenciada pela igreja o apoiavam. Então vendo que a constituição lhe dava poderes limitados, decide se coroar rei usurpando a coroa da sobrinha. Uma pequena parte do exército apoiava as ideias liberais, influenciados pela maçonaria. Também a elite intelectual, e uma pequena parte do clero. O país está dividido.

Miguel apoiado pela Espanha usurpa a coroa da sua sobrinha e prometida Maria da Glória, filha de Pedro. Começa uma guerra civil, onde os Miguelitas absolutistas levam a vantagem sobre os liberais defensores da coroa de Maria da Glória. Pessoas são enforcadas, o exército Miguelista é maioria e um banho de sangue por ideologias é derramado. Miguel não aceita a constituição regida por Pedro, que permite ao país ter uma câmara de deputados, ele quer poder absoluto. Ele vai na contra mão da história, enquanto com a coroa pertencendo a Maria da Glória, o país poderia ter espaço para partidos e representação política.

Agora Pedro tem um problema sério, assegurar a coroa para a filha. Sua imagem no Brasil não estava muito boa. No exterior sua imagem era a de um grande líder e diplomata iluminado, final ele havia dado carta de constituição ao Brasil e a Portugal, e tornado nosso país independente. Já no Brasil, havia um fiasco militar na cisplatina. A questão dele ter sido coroado em Portugal também havia minado sua reputação e o caso extraconjugal que ele mantinha criavam fofocas. Como sempre o Brasil com uma imagem mais positiva no exterior do que dentro. Agora a atitude que ele toma eu tiro o chapéu, simplesmente ele abdica a coroa de imperador e a passa ao seu filho Pedro II, com apenas 5 anos. Pedro II irá ser Imperador de fato aos 18 anos, o intervalo será conhecido como período das regências. Ele abdica, porque agora está em missão: "Resgatar a coroa da filha", esperto, sabe que os Brasileiros não aceitariam ver o imperador cuidar dos assuntos da ex-metrópole, e Pedro vai em busca de cuidar de seus assuntos de família. Essa atitude eu admirei, é um conto real!

Agora não é mais imperador(+- 1832)... com o título de Duque de Bragança vende suas coisas, faz empréstimos e viaja à Inglaterra. Lá, compra navios de Guerra e contrata 7500 mercenários Ingleses, Belgas, Franceses, Italianos e Alemães. Parte para Portugal e desembarca suas tropas. Com ataques anfíbios e o bom desempenho da frota naval de Pedro ele consegue virar o jogo. A força de Miguel era até superior numericamente mas foi dobrada, Pedro sai como o grande vencedor. Não é vingativo, não manda enforcar o irmão apenas exila ele e o proíbe de pisar em Portugal. Muitos portugueses não entenderam essa atitude, Pedro não era vingativo. Eu admiro isso na personalidade dele.

Vítima de tuberculose pega na guerra, morre 4 dias depois de assegurar o trono de Portugal para a filha em 1834. O trono de Pedro II estava assegurado no Brasil. Muita da raiva criada pelos brasileiros sobre o imperador estava no fato dele se priorizar as questões da família dele em relação ao Brasil. Essa atitude de Pedro no entanto são as que eu mais gosto. Ele era um aventureiro, um boêmio. Dizem que tinha um humor agressivo, mais ou menos como um carioca. Na guerra contra o irmão Miguel havia conseguido apoio da Inglaterra, França, alguns voluntários e até a Espanha mudou de lado no final. Nasceu infante, foi príncipe, imperador, rei, abdicou o reinado em favor da filha, abdicou o império em favor do filho, se tornou Duque e morreu na mesma casa onde havia nascido em Portugal, com apenas 35 anos.

150 anos depois de sua morte, seus restos mortais são trazidos ao Brasil. Ele foi havia sido enterrado com um uniforme de general. Ele é o meu herói Brasileiro preferido por sua personalidade, ação diplomática e militar, e o cuidado que teve com a Coroa e com a família.

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